segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Que tal alguns desafios para 2013?


Por Raphael Reis (Mestrando em Educação pela UFJF)


É comum mencionarmos que o Brasil não é um país de leitores. Isso é uma afirmativa verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Falsa, porque a leitura, juntamente com as novas tecnologias (celular, facebook e computador, principalmente) vem aumentando tanto a leitura como a escrita. Porém, por outro lado, sabemos que não é este tipo de leitura que desejamos. Desejamos que as pessoas possam ampliar seus horizontes de leitura, ampliação esta que perpassa pela leitura de livros e de seus vários gêneros, de jornais e revistas (impressos ou digitais).
No Brasil, devido a dificuldades históricas como, por exemplo, a instalação de um mercado editorial e, principalmente, de uma rede de educação pública tardia, foram grandes obstáculos para uma cultura que desenvolvesse tanto a leitura como a escrita, o que fez com que, em pleno o século XXI, termos ainda um índice de 9 milhões de analfabetos absolutos! Assim o brasileiro desenvolveu uma cultura pelo audiovisual (não é a toa encontramos sucessos musicais que balbuciam algumas palavras e de novelas que dizem nada com nada com coisa alguma). Aliás, 85% da população brasileira preferem a TV como entretenimento principal (ver a Pesquisa Retratos da Leitura, 3ª edição).
Visto as reflexões acima, de maneira sucinta, mas que já foram explanadas em outras postagens em nossa coluna mensal na Revista Encontro Literário, aproveito o ensejo de um novo ciclo que começa a amanhã, no intuito também de que este seja um espaço de pensarmos em novos desafios para leitura, seja ela do ponto de vista das políticas públicas, comunitário ou pessoal. Assim, podemos pensar: o que eu posso fazer para ajudar a estimular a leitura em meu bairro, comunidade ou cidade? Eu, enquanto leitor, quais leituras posso fazer para ampliar o meu horizonte de fabulação, fantasia e conhecimento, entre outras coisas?
Por fim, reforço aqui as dicas de leitura que a Revista Encontro Literário indicou ao longo do ano de 2012 e que, sem dúvida, podem ser um bom ponto de partida e caminhada!
Feliz 2013 para todos os leitores e não leitores da Revista! Que seja um ano de muitas coisas boas!

A Dama do Cachorrinho, de Tchekhov
O Ruba’iyat, de Omar Khayyam
A Metamorfose, de Kafka
Bartleby: o escrivão, de Herman Melville
Vaga Música, de Cecília Meireles
O Cão dos Baskervilles, de Sir. Conan Doyle
Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector
Insônia, de Graciliano Ramos
O Estrangeiro, de Albert Camus
Canto Geral, de Pablo Neruda.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dica de leitura: Cem Sonetos de Amor, de Pablo Neruda

Com uma beleza intensa e crua, os Cem sonetos de amor refletem a parte mais apaixonada da obra poética de Pablo Neruda. Escrevendo-os para Matilde, sua grande paixão, o poeta chileno ofereceu à sua musa uma linguagem tão sensorial que se pode saborear cada poema, provando-o nos lábios. Elaborados para serem lidos em voz alta, uma vez que são ricos de significados e tornam a leitura encantadora, os sonetos não apenas são um “gozo da linguagem”, numa alusão ao prazer do texto a que se refere Roland Barthes, mas também remetem às muitas imagens que Neruda utilizou para retratar o seu amor pela amada. E com tal poesia a musa do poeta é retratada, que nos permite também compará-la a um rio caudaloso que inesgotavelmente alimenta a sensibilidade e o oceano criativo do poeta como se lê no soneto XVII, só para citar alguns dos incontáveis versos: "Te amo como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma." É em meio a essa "escuridão" que o amor se estende para além dos que se possa esperar dele.
Sendo, portanto, um tema literário e universal, por excelência, não importa em qual idioma o amor é descrito, se existe ou não, mas quando ele pode ser cantado com tanto enlevo e vigor, nada melhor do que ao menos mergulhar na profundidade dos 100 sonetos de Neruda, que oportunamente os dividiu em 3 períodos do dia (manhã, tarde e noite). É assim que o grande poeta andino tenta transmitir toda a essência do amor em suas múltiplas faces, ora aludindo à natureza, ora ao cotidiano intenso da mulher... 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade

Exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade

 
Inaugurada, no Rio de Janeiro, a mostra que exibe parte do acervo do Museu d’Orsay, de Paris
 
Foi inaugurada ontem (22), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, a exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade, com obras-primas do Museu d’Orsay, de Paris, que pela primeira vez exibe parte de seu acervo na América do Sul. A mostra reúne 85 obras dos mestres impressionistas, estilo de pintura que abrange o período de meados do século XIX ao início do século XX.
Realizada com apoio do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Lei Rouanet, a exposição atraiu 320 mil pessoas em São Paulo, com longas filas e espera de quatro a cinco horas. No Rio, onde o espaço do CCBB é mais amplo do que na capital paulista, a expectativa é de um público bem maior, principalmente no final do ano, quando a cidade recebe milhares de turistas para o Réveillon. A mostra ficará aberta de hoje (23/10) até 13 de janeiro de 2013 e a entrada é franca.
Participaram da cerimônia de abertura o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, Henilton Menezes; o presidente do Museu d ‘Orsay, Guy Cogeval; o diretor-geral do Instituto de Cultura da Fundação Mapfre, Pablo Jiménez Burillo; o vice-presidente de governo do Banco do Brasil, César Borges; e o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Também estiveram presentes a secretária de Cultura do Estado, Adriana Rattes; o vice-prefeito do Rio, Carlos Alberto Muniz; o cônsul da França no Rio, Jean-Claude Moyret; a coordenadora da exposição, Maria Ignez Mantovani; o chefe da Representação Regional do MinC, Marcelo Velloso; e as atrizes Fernanda Montenegro e Beth Goulart (apresentadora da cerimônia).

A exposição
A mostra reúne 85 obras dos mestres Claude Monet, Édouard Manet, Auguste Renoir, Paul Gauguin, Edgard Degas, Toulouse-Lautrec, Camille Pissaro, Vincent Van Gogh e Paul Cézanne, entre outros. A coordenadora da exposição, Maria Ignez Mantovani, estava feliz com o resultado do trabalho: “É uma coisa linda que o país tenha condições de receber um projeto desta excelência, com esta qualidade e amplo acesso popular”. Além do apoio do MinC, o evento conta com o patrocínio do Banco do Brasil e da seguradora Mapfre.



O impressionismo, que rompeu com o padrão realista na pintura, surgiu em meados do século XIX. Nesta época, a nova Paris, reformada segundo plano do Barão Von Haussmann, com amplos boulevares e espaços públicos, era o centro da vida cultural europeia. O novo espaço urbano atraiu a atenção dos pintores que nele encontraram diversos temas de inspiração, dando ênfase à luz e ao movimento.
A exposição se divide em vários módulos, que refletem este clima: Paris, cidade moderna; A vida parisiense e seus atores; Paris é uma festa; Fugir da cidade (que destaca a vida no campo nos arredores); A vida silenciosa (com telas intimistas, algumas com inspiração japonesa, egípcia ou medieval); e Convite à viagem ( com obras de Gauguin e seus discípulos, inspiradas na Bretanha) e, finalmente, Convite à viagem – O ateliê do Sul (que retrata a região do Sul da França).
O quadro central da exposição é ‘Tocador de Pífano’, de Édouard Manet. Além dele o espectador também poderá apreciar obras-primas como o ‘Lago das Ninfeias–Harmonia Verde’, de Monet; ‘O Banho’, de Alfred Stevens; ‘Jeunes filles au piano’, de Renoir; ‘Dançarinas subindo uma escada’, de Edgard Degas; ‘Colheita Dourada ou As medas amarelas’, de Gauguin; ‘Rochedo perto das grutas acima de Château Noir’, de Cézanne; e ‘La salle de danse à Arles’, de Van Gogh. A lista é longa e o visitante precisa de tempo para apreciar com calma as obras.
O museu d’Orsay é um dos mais importantes da França e seu acervo chega a 154 mil obras. Já o Brasil foi colocado pela publicação americana The Art Newspaper no ranking de países com as exposições mais visitadas do mundo em 2011. O país emplacou três na lista das dez mostras mais procuradas naquele ano. A primeira do ranking foi O Mundo Mágico de Escher, que atraiu mais de 570 mil pessoas ao CCBB do Rio de Janeiro. A expectativa é de que os impressionistas franceses ultrapassem esta marca nesta temporada.
(Texto: Heloisa Oliveira, Representação Regional RJ/ES/MinC)
(Fotos: Raphael Reis)